a febre da seringa no final do século XIX, início dos XX inicia um processo de colonização mais empenhada na região amazônica. Após o dizimamento das comunidades indígenas nordestinas com a cana e o trabalho escravo e de aculturação, há um verdadeiro êxodo para as regiões de selva. o petróleo começa a ser explorado na região amazônia pelo equador nos anos 40; entra o trabalho missionário na região nos anos 50 abrindo caminho aos grandes projetos industriais (destaca-se o papel do instituto linguístico de verão e sua notória colaboração com as petroleiras na região amazônica). no brasil a petrobrás começa a operar nos anos 50. A seringa, matéria -prima da indústria dos carros, pneus, é substituída pelo plástico sintético, fruto do petróleo. a vale s/a ocupa um papel pioneiro de destaque na região amazônica com a exploração de minério do complexo Carajás. mais recente o Porto da Cargill em Santarém também é uma evidência dos empreendimentos integrados ao “desenvolvimento” que continuam cada vez mais fortes e empenhados em saquear as riquezas da região e levá-las para outras regiões do país e do mundo.
a “civil-ização”, a “industria-lização” e o “des-envolvimento” interferiram em cada fator de agregação anteriormente desenvolvida pelas culturas milenares da região, algumas com mais de 10 mil anos de existência. O deslocamento forçado para áreas de confinamento chamadas de “reservas” muitas vezes 10, 20% o tamanho de seus territórios originários de onde tiravam sua alimentação cotidiana, as populações indígenas foram tornando-se submissas, sedentárias, pacificadas, catequizadas, invariavelmente doentes e os sobreviventes tratados por medicinas ocidentais (assim como o que passa atualmente com a criação de gado ou as granjas).
os recentes projetos de extração de gás na região amazônica de Coari, os planos para o petróleo na região de Tefé ou a série de projetos relacionados à rodovias, gasodutos, portos, etc chamada de Manta-Manaus já causam uma especulação premeditada na região. sem falar das centenas de hidrelétricas planejadas para a região como o Complexo Tapajós e Belo Monte.
petróleo na cidade maravilhosa
itaguaí, rio de janeiro, mapa das indústrias
a produção de petróleo no estado do rio de janeiro representa 82% da exploração nacional. um processo de industrialização intenso começa a se desenhar na região a partir da década de 70. somente no município de Itaguaí chegaram aproximadamente 400 instalações industriais em 2000 o que provocou intensa urbanização. Entre as mais atendidas inicialmente, estava a antiga empresa Vale do Rio Doce (atual empresa Vale S/ A) com a descarga de alumina e a Companhia Siderúrgica Nacional – CSN com carvão, contribuindo para a degradação do ecossistema da Baía de Sepetiba pelos rejeitos de metais pesados que se acumularam durante décadas nos sedimentos, além de conflitos territoriais entre os atores sociais envolvidos, principalmente com entidades ligadas à pesca artesanal. somente nos últimos dois anos 6 pescadores foram assassinados na região da baía de sepetiba, que corre o risco de se tornar uma segunda baía de guanabara, sem condições de pesca ou banho. a associação ahomar da região de Sepetiba tem vários pescadores ameaçados e logo após a rio+20 dois deles foram assassinados. não é permitida a pesca em regiões de plataformas que além disso contamina a água. a região já possui usinas nucleares, plataformas de petróleo, companhias siderúrgicas e foi elegida para abrigar o pólo petroquímico da petrobrás, um conjunto de indústria letais que incluirá até um local de produção de submarinos nucleares. estão sendo planejados para a região pelo menos 17 novos empreendimentos industrias que com certeza piorarão ainda mais a qualidade de vida na região.
petróleo no nordeste
além da amazônia e do litoral do sudeste a região nordestina do país é outra que mais sofre com a chegada do petróleo. é para essa e outras indústrias da neocolonização que estão sendo desenhados projetos como a transposição de rios que afetará ainda mais a vida de uma região já bem escassa de água.
o Nordeste é rico em recursos minerais com destaque para o petróleo e o gás natural, produzidos na Bahia, em Sergipe e no Rio Grande do Norte. Na Bahia, o petróleo é explorado no litoral e na plataforma continental e processado na Pólo Petroquìmico de Camaçari. O Rio Grande do Norte, responsável por 11% da produção nacional em 1997, é o segundo maior produtor de petróleo do país, atrás do Rio de Janeiro. A exploração de petróleo e a descoberta de novos poços no Nordeste tem ganhado força a cada dia. O anúncio de poços em Sergipe (Piranema) e a entrada da Refinaria Premium II do Ceará no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) reforçam ainda mais o potencial da região para exploração do produto. além do petróleo a Petrobrás investe ainda a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Sergipe (Fafen) receberá investimento de US$ 130 milhões para duplicar a produção de fertilizantes, neste caso, o sulfato de amônia, que tem forte mercado no Nordeste (região tradicionalmente produtora de monocultivos como a cana usada principalmente como biocombustível). A Petrobras garante também firme e inflexivelmente que produzirá na região de mais de 700 mil metros cúbicos de gás a partir de 2014 para o projeto Carnalita, da Vale do Rio Doce.
a chegada de companhias transnacionais como a petrolífera britânica BP (British Petroleum) que adquiriu uma participação de 40% em quatro blocos de exploração e produção operados pela Petrobras no Nordeste, dentre os quais dois situados na Bacia do Ceará, outros no Maranhão, não é uma exceção e faz parte do plano estratégico da elite global do petróleo que ao ver seus recursos escassearem em seus países de origem se deslocam para o brasil a procura de ganhos fáceis. no ano passado, a BP adquiriu a estadunidense Devon Energy e passou a ter participação em dez áreas de concessão nas bacias de Campos (Rio de Janeiro) e Camamu e Almada (na Bahia). O negócio foi estimado em US$ 7 bilhões. Também no ano de 2011, mas dessa vez no segmento de biocombustível, a empresa comprou a Companhia Nacional de Açúcar e Álcool (CNAA), tornando-se operadora de duas usinas de etanol, localizadas em Goiás e Minas Gerais. Já em 2008, a BP tornou-se a primeira companhia petrolífera internacional a investir no etanol brasileiro de cana-de-açúcar, adquirindo 50% de participação na Tropical BioEnergia S.A. No ano passado, aumentou sua fatia na empresa para 100%, tornando-se responsável pela operação de sua usina de etanol localizada em Edéia (Goiás). A britânica acelerou seus projetos de diversificação desde a explosão de sua plataforma petroleira Deepwater Horizon em águas americanas do Golfo do México, em abril de 2010. O acidente ficou marcado por provocar a pior maré negra da história dos Estados Unidos.
petróleo na américa latina
a maior parte dos países que formam a amazônia continental tem problemas com as indústrias petroleiras (amazônia, peru, bolívia, equador, colômbia etc). são muitos os movimentos de resistência nesta região. os investimentos do petróleo não podem ser dissociados de outras ações estratégicas integradas como as relacionadas às siderúrgicas, portos, fontes de água etc. por trás dos planos geopolíticos de exploração dos recursos naturais estão sempre grandes empresas transnacionais, a intermediação dos organismos multilaterais como Bird, Banco Mundial e FMI, sempre em articulação com os governos e elites locais dispostas a transferir o patrimônio público para empresas privadas. normalmente esses planos visam investimentos em infra-estrutura. posteriormente, pelos tratados de livre comércio, seja em nível continental como a Alca, ou tratados bilaterais (os TLCs – Tratados de Livre Comércio), essas infra-estruturas acabam privatizadas.
Destacamos os dois principais planos para a região que no Brasil têm como linha de frente o PAC (Programa de aceleração do crescimento):
1 – Plano “Puebla Panamá” na América Central – O plano é um conjunto de grandes projetos de investimento em infra-estrutura, transporte, comunicações, energia, turismo e outras obras em países da América Central e nos estados do sul do México. Abrange Puebla, Veracruz, Guerrero, Oaxaca, Chiapas, Tabasco, Campeche, Yucatán, Quintana Rôo, Belize, Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Costa Rica e Panamá. Vai desde Puebla, México, até o Panamá. Através de ferrovias, rodovias, portos, comunicações e uma rede elétrica que permita interligar e explorar o potencial hidroelétrico de toda região, puxando energia na direção do norte. Fundamentalmente visa facilitar o acesso aos bens naturais da região, criar facilidades para escoamento dos produtos do México e Estados Unidos, controlar os guerrilheiros da região e controlar as migrações.Um dos objetos principais de cobiça é a água. Só o estado de Chiapas, com forte presença da guerrilha, contém 40% de toda água doce do México. Mas a América Central é toda rica em água doce. Uma série de empresas transnacionais, interessadas nessa água, tem se instalado na região, principalmente cervejarias, inclusive a Ambev com uma fábrica na Guatemala e outra na República Dominicana. Há também um potencial hidroelétrico fantástico. Só no México está prevista a construção de 25 novas barragens o que poderá remover cerca de oito milhões de indígenas dos 10 milhões que habitam essas regiões.
2 – IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional da América do Sul) – Por hora é mais uma concepção estratégica que uma realidade. Também se planeja corredores industriais, hidrovias, rodovias que conectem os lugares mais recônditos de toda a América Latina, inclusive a região amazônica, onde estariam 20% de toda água doce do mundo.Mas não é apenas a Amazônia que é rica em água doce. Toda bacia do Prata é também rica em água doce, considerada a segunda do mundo, logo depois da Amazônica. É nessa região também que está o Aqüífero Guarani, um mar subterrâneo de água doce. Os principais interessados são as empresas engarrafadoras de água e as fabricantes de bebidas que demandam muita água.No Brasil dispensa comentários o plano estratégico no Estado Brasileiro para a construção de barragens. É também do conhecimento comum que hoje a construção de barragens foi repassada para as empresas privadas, o que têm acarretado mais problemas para os atingidos por barragens, que agora têm que negociar com particulares e não mais com o governo.